O day after
A belíssima descrição dos Sete Céus dos muçulmanos talvez explique a submissão às mais inacreditáveis provações, até o desprezo pela morte. Delirante euforia de luzes, ultrapassam o limite das esferas ptolomaicas que circundam a Terra. Firmamento último dos últimos, são possivelmente a mais desvairada visão da Glória Eterna de todas as religiões. Estão construídos em superposição contínua, até chegar ao cimo dos cimos que é:
O sétimo céu
Cercado de luzes, o bem-aventurado atravessa os limites das sucessivas esferas ptolomaicas, vai mais alto, e chega às portas dos Sete Céus. Galga um, galga outro, até o Supremo, o Cimo dos Cimos, o lótus do limite:
• O Primeiro Céu é de prata pura e nele as estrelas, cada uma com seu Anjo de Guarda, estão penduradas como lâmpadas, em correntes de ouro. Aqui residem Adão e Eva.
• O Segundo Céu é de ouro puro. Domínio de João Batista e Jesus.
• O Terceiro Céu é de pérola, aqui mora José. Aqui está também Azrael, o Anjo da Morte, escrevendo eternamente, num livro enorme, os nomes dos que nascem – e apagando os dos que morrem. Ele será o último a morrer: quando a trombeta do Arcanjo soar pela segunda vez.
• O Quarto Céu é todo de ouro branco. Aqui mora o Anjo das Lágrimas, chorando interminavelmente pelo pecado dos homens.
• O Quinto Céu é de prata. É de Aarão. Aqui habita o Anjo Vingador, que controla o fogo essencial.
• O Sexto Céu é de rubi e granada, e é habitado por Moisés. Aqui moram também o Anjo Guardião do Céu e o da Terra. Metade-neve, metade-fogo.
• O Sétimo Céu é formado pela Luz Divina, cuja descrição está acima das possibilidades da língua humana. É reservado para Deus e para a mais alta hierarquia dos anjos, os chamados Ministros de Deus. Cada um desses habitantes do Sétimo Céu é maior do que toda a Terra e tem 70 000 cabeças. Cada cabeça tem 70 000 caras. Cada cara tem 70 000 línguas. E cada língua fala 70 000 idiomas diferentes (num total de 24 010 000 000 000 000 000), todos eles usados para cantar, para todo o sempre, as glórias do Mais Alto de Todos.
No lugar mais sublime do Sétimo Céu, à mão direita do Trono de Deus, está a árvore Sidrah, a árvore do extremo – aonde não podem chegar nem mesmo os anjos. As folhas dessa árvore são tão numerosas quanto os membros de toda a família humana, e cada folha tem o nome de uma pessoa. Todo ano a árvore é sacudida na noite do 15º dia do Ramadã, logo depois do pôr-do-sol. As folhas em que estão escritos os nomes dos que vão morrer nesse ano caem, totalmente queimadas ou ainda com algum verde, na proporção dos meses ou semanas que as pessoas têm de vida.
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