segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Do Portal EcoDebate: Sementes de espécies nativas contribuem para o reflorestamento em áreas degradadas


Estudos sobre a caracterização morfológica dos propágulos de espécies florestais e tecnologia das sementes é ferramenta básica para recuperar ou restaurar áreas degradadas

“A semente é o principal meio de propagação das espécies e base da regeneração natural da floresta”. Assim afirma a pesquisadora Maria da Glória G. de Melo, que coordena o Laboratório de Sementes e Viveiros Florestais da EST/UEA, onde se desenvolvem trabalhos sobre caracterização morfológica de propágulos das espécies que ocorrem na Base de Operações Geólogo Pedro de Moura (BOGPM,) em Urucu, a fim de compreender a dinâmica da floresta e contribuir com o reflorestamento de áreas degradadas.

As pesquisas desenvolvidas no laboratório vinculado à Rede CTPetro Amazônia, por meio do Projeto PT 2 – Tecnologia de regeneração artificial em clareiras abertas pela exploração e transporte de petróleo e gás natural – coordenado pelo Dr. Gil Vieira, possibilitam a identificação correta das espécies. Essas informações ajudam tanto no reflorestamento com espécies da região quanto nos inventários florestais, tendo em vista que, o uso de diversos nomes populares para uma mesma espécie ocasiona problemas na hora de tomar decisões de como trabalhar a floresta.

“A identificação correta das plântulas no campo é uma dificuldade encontrada pelos parabotânicos (antigo mateiro), porque nem sempre as características morfológicas do indivíduo adulto são similares às do indivíduo jovem. Para se reflorestar uma área degradada precisamos, por exemplo, de espécies pioneiras resistentes à alta luminosidade e que se adaptem às condições adversas de campo”.

Além disso, essa caracterização morfológica dará suporte aos pesquisadores para trabalharem na Amazônia com espécies locais e não exóticas, pois essas últimas, apesar de se adaptarem às condições locais, não são representativas da área. De acordo com a pesquisadora, “conhecer as fases de germinação e do desenvolvimento da plântula contribuirá para o entendimento da biologia das espécies, manejo, conservação e recuperação das áreas degradadas com espécies que já ocorrem na BOGPM”.

Sementes

Com os estudos realizados no laboratório e no viveiro é possível identificar quantos dias a semente leva para chegar à fase de plântula, qual o tempo necessário para ser repicada para uma embalagem a fim de se produzir uma muda e quanto tempo pode permanecer no viveiro antes de ser levada ao campo.

Dentre as várias informações obtidas com os estudos de morfologia e tecnologia de sementes, uma é de essencial importância: quais sementes são ortodoxas e quais são recalcitrantes. O desenvolvimento das pesquisas mostra que as primeiras podem ser mantidas em bancos de germoplasma para posterior uso; já as recalcitrantes – muitas das que ocorrem na BOGPM – não resistem ao dessecamento e, assim, não podem ser armazenadas, pois precisam imediatamente ser semeadas para a produção de mudas, caso contrário perderão sua viabilidade.

“Essas informações tecnológicas sobre dados físicos, como o teor de água das sementes são importantes para saber o comportamento das sementes no armazenamento. As espécies recalcitrantes devem ser logo semeadas para a produção de mudas que serão utilizadas no campo e reflorestadas”, afirma Maria da Glória.

Para se realizar a coleta, o primeiro passo consiste em marcar a árvore e observar a matriz com o intuito de verificar se a mesma possui boas características genéticas. As árvores selecionadas são georreferenciadas por GPS (Sistema de Posicionamento Global), anota-se o DAP (Diâmentro à Altura do Peito), faz-se a medição e coleta-se a amostra botânica. Vale ressaltar, que todo material botânico precisa ser fértil, isto é, ter flor ou fruto para ser identificado de forma correta no herbário do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e incorporadas ao acervo do Herbário da EST/UEA.

Livro

Conforme a pesquisadora, as pesquisas desenvolvidas irão resultar em um livro que compilará todos os trabalhos de morfologia, à priori, apenas em português.

“Vamos reunir essas informações, pois é importante registrar os resultados dos estudos que serão organizados e divulgados tanto em forma de artigos científicos como em um livro técnico e ilustrado para o público-alvo, estudantes de engenharia florestal e pesquisadores que já trabalham com sementes de espécies florestais”, completa Maria da Glória.

Recentemente, a coordenadora do grupo e as pesquisadoras Ângela Maria da Silva Mendes e Sheylla Fontes Pinto expuseram no “60 Congresso Nacional de Botânica”, ocorrido em Feira de Santana, Bahia, cinco trabalhos científicos que farão parte do livro intitulados: “Morfologia de sementes e plântulas de Protium hebetatum Daly. (Burseraceae)”; “Aspectos morfológicos de Pouteria laevigata (Mart.) Raldk: Frutos, sementes e desenvolvimento de plântula”; “Aspectos Morfológicos de frutos, sementes e plântulas de Glycydendron amazonicum Ducke”; e “Caracterização Morfológica de frutos, sementes e plântulas de Copaifera guyanensis Desf. (Legumimosae-Caesalpinioidea).

* Informações da Rede CTPETRO Amazônia, Inpa, publicadas peloEcoDebate, 28/08/2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Manual de Recuperação de Matas Ciliares


Caros,

trago aqui, por sugestão do colega Flávio Telles, um excelente material: Restauração da Mata Ciliar, um manual produzido em 2002 pela antiga SEMADS do Rio de Janeiro - é a atual SEA, Secretaria Estadual do Ambiente. Os autores são Paulo Yoshio Kageyama, Flávio Bertin Gandara, Renata Evangelista de Oliveira, Luiz Fernando Duarte de Moraes.

Baixem o manual aqui. E façam bom proveito!

domingo, 23 de agosto de 2009

Direto do site UOL: No Brasil, ambientalistas tentam pagar fazendeiros para manter as árvores em pé

23/08/2009


The New York Times
Elisabeth Rosenthal
Em Querência (Brasil)
José Marcolini, um fazendeiro daqui, tem permissão do governo brasileiro para desmatar 5 mil hectares de floresta tropical neste ano, para criar novas plantações de soja altamente lucrativas.

Florestas brasileiras ameaçadas

  • Damon Winter/The New York Times

    Área de floresta nativa fica ilhada entre área devastada para cultivo de soja em Mato Grosso

  • Damon Winter/The New York Times

    Devido aos lucros resultantes de seu solo, parte das florestas da região foi derrubada

Mas ele está lutando com sua consciência. Um grupo ambiental brasileiro está lhe oferecendo um pagamento anual em dinheiro para deixar sua floresta intacta, para ajudar a combater a mudança climática.

Marcolini diz que se preocupa com o meio ambiente. Mas também tem família para sustentar e tem dúvidas de que a oferta inicial do grupo na negociação -US$ 12 por acre (aproximadamente 0,4 hectare)- seja suficiente para que possa aceitar.

"Para resistir à pressão, cercado de soja, eu terei que receber... muito", diz Marcolini, 53 anos, notando que terra desmatada que pode ser trabalhada aqui no Estado do Mato Grosso é vendida por até US$ 1.300 o acre.

No passado, o Mato Grosso fazia jus ao seu nome. Mas hoje, o Estado brasileiro é um centro global de desmatamento. Devido aos lucros resultantes de seu solo fértil, as densas florestas da região foram agressivamente derrubadas ao longo da última década e o Mato Grosso atualmente é o principal exportador de soja, milho e carne bovina do Brasil para todo o mundo, por meio de empresas multinacionais.

O desmatamento, um dos fatores que mais contribuem para a mudança climática, representa 20% das emissões de dióxido de carbono do mundo e 70% das emissões do Brasil. Deter um maior desmatamento, dizem os especialistas, é uma forma tão poderosa de combater o aquecimento quanto fechar as usinas elétricas a carvão do mundo.

Mas até agora, não há recompensa financeira por manter as florestas em pé. Um crescente número de cientistas, políticos e ambientalistas argumenta que pagamentos em dinheiro -como o oferecido a Marcolini- são a única forma de deter a destruição da floresta tropical e fornecer uma estratégia capaz de mudar o jogo nos esforços para limitar o aquecimento global.

Diferente de soluções de alta tecnologia como captura e sequestro de dióxido de carbono ou a produção de combustível "verde" de algas, a preservação de uma floresta rende um resultado ambiental notavelmente simples: o proprietário reduz as emissões de sua propriedade a zero.

Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, disse que o desmatamento precisa ser tratado pelo novo acordo climático internacional sendo negociado neste ano. "Mas as pessoas cortam árvores porque há uma razão econômica para fazê-lo, e é preciso fornecer a elas uma alternativa financeira", ele disse.

Tanto o mais recente esboço do acordo quanto o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, em junho, incluem planos para empresas e países ricos pagarem aos pobres para preservarem suas florestas.

As estratégias podem incluir pagamentos diretos aos proprietários para conservar as florestas, assim como subsídios indiretos, como preços mais altos pela carne bovina e soja produzidas sem a necessidade de desmatamento. O desmatamento cria emissões de carbono por meio das queimadas e maquinários usados para derrubar as árvores, e também destrói a vida vegetal que ajuda a absorver as emissões de dióxido de carbono de carros e fábricas ao redor do mundo.

Mas conseguir os incentivos em dinheiro certos é um negócio complexo e não mapeado. Em grande parte do mundo em desenvolvimento, incluindo aqui, o desmatamento está ligado ao progresso econômico.

Pedro Alvez Guimarães, um homem calejado de 73 anos sentado à beira do Rio dos Mortos da região, chegou ao Mato Grosso em 1964 em busca de terra gratuita, avançando na floresta até encontrar um local e construir um barraco como base para criação de gado. Apesar da lamentar a perda da floresta, ele considera bem-vindos os confortos como a escola construída há poucos anos, frequentada por seus netos, ou a eletricidade instalada no ano passado, que permitiu que ele comprasse seu primeiro freezer.

Além disso, os grupos ambientais alertam que, se mal projetados, programas pra pagar pela preservação da floresta podem se transformar em uma fonte de dinheiro para as mesmas pessoas que as estão destruindo. Por exemplo, uma versão proposta do novo plano da ONU permitiria que plantações de árvores, como as palmeiras cultivadas para extração do óleo de palma, sejam contadas como floresta, apesar das plantações de árvores não terem o mesmo potencial de absorção de carbono de uma floresta genuína e serem bem menos diversas em vida vegetal e animal.

"Há potencial de um resultado bastante perverso", disse Sean Cadman, porta-voz da Wilderness Society of Australia.

Forças econômicas globais e locais estimulam o desmatamento.

O Brasil e a Indonésia lideram mundialmente em extensão de floresta tropical perdida a cada ano. As florestas são derrubadas para ajudar a alimentar a crescente população mundial e atender seu crescente apetite por carne. Grande parte da soja do Brasil é comprada por empresas americanas como a Cargill ou Archer Daniels Midland e usada para alimentar gado em locais tão diversos quanto a Europa e a China. Na Indonésia, as florestas tropicais são derrubadas para plantação das palmeiras para o óleo de palma, que é um componente de biocombustíveis.

O Brasil tem tentado equilibrar desenvolvimento e preservação.

No ano passado, com uma doação da Noruega que poderá trazer ao país US$ 1 bilhão, ele criou o Fundo Amazonas para ajudar as comunidades a manter sua floresta. As leis nacionais estipulam que 80% de cada extensão de terra no alto Amazonas -e 50% em regiões mais desenvolvidas- deve permanecer coberto de floresta, mas é um vasto território com pouca fiscalização. Os exportadores de soja contam oficialmente com uma moratória no uso de produtos de terras recém-desmatadas.

Aqui no Mato Grosso, 1.800 quilômetros quadrados de floresta tropical foram desmatados apenas nos últimos cinco meses de 2007, segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial do Brasil, que monitora o desmatamento.

"Com tanto dinheiro em jogo, não há leis que mantenham a floresta em pé", disse John Carter, um fazendeiro que se estabeleceu aqui há 15 anos, enquanto sobrevoava há alguns meses com seu Cessna a terra desmatada.

Até recentemente, o desenvolvimento da Amazônia era a prioridade, e alguns dos colonos se sentem traídos pelo novo estigma que cerca o desmatamento. Semelhante ao Oeste americano no século 19, o governo brasileiro encorajou assentamentos por meio de benefícios como terras baratas e subsídios para habitação, muitos dos quais existentes até hoje.

"Foi triste e revoltante quando o mundo disse que o desmatamento era ruim -nos foi dito para virmos para cá e que tínhamos que derrubá-la", disse o secretário da Agricultura do Mato Grosso, Neldo Egon Weirich, 56 anos, que se mudou para cá em 1978 e notou que para ter direito aos empréstimos para compra de tratores e sementes, um fazendeiro tinha que desmatar 80% de suas terras.

Ele tem orgulho de ter transformado o Mato Grosso de uma zona de malária em uma potência agropecuária. "O Mato Grosso está sob um microscópio -nós sabemos que temos que fazer algo", disse Weirich. "Mas não podemos simplesmente parar a produção."

Mesmo hoje, colonos em todas as partes do mundo estão comprando ou ocupando floresta barata "inútil" e a transformando em terra produtiva.

O desmatamento é frequentemente a melhor forma de declarar e assegurar a propriedade. A terra que Carter intencionalmente manteve como floresta pelo seu benefício ambiental tem sido frequentemente ocupada por invasores -um problema comum aqui. Em partes do Sudeste Asiático, as experiências iniciais de pagamento aos proprietários para preservação da floresta foram atrapalhadas por frequentemente não se saber ao certo quem é dono ou controla a propriedade.

Há várias ideias sobre como frear o desmatamento.

Carter lançou um grupo ambiental dos proprietários de terras, chamado Aliança da Terra, cujos membros concordam em ter suas propriedades fiscalizadas por boas práticas ambientais e suas florestas monitorados por satélite pelos cientistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), para assegurar que não cultivarão em terra recém desmatada. Carter está negociando com empresas como o McDonald's para que comprem apenas de fazendas certificadas.

O programa da ONU chamado Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal, ou Redd, recompensará os países que preservarem as florestas com créditos de carbono, que podem ser vendidos e transformados em dinheiro pelos donos das florestas, por meio do mercado global de carbono. A ONU já concede esses créditos pela limpeza de fábricas e plantação de árvores. Os créditos de carbono são comprados por empresas e países que ultrapassaram seus limites de emissão, como uma forma de equilibrar seu orçamento de emissões.

Daniel Nepstad, um cientista do Woods Hole Institute, mapeou recentemente grandes áreas da Amazônia "pixel por pixel" para determinar o valor das terras caso fossem convertidas em pastos de gado ou plantações de soja, para ajudar a determinar quanto os proprietários deveriam receber para preservar a floresta. A maioria dos especialistas sente que os proprietários aceitarão preços mais baixos à medida que perceberem os benefícios de salvar a floresta, como conservação da água e a melhora de sua imagem junto aos compradores.

Weirich, o secretário da Agricultura, se mostrou cético a respeito disso, mas ele também sente que, pela primeira vez, pode haver algum retorno financeiro em preservar a floresta, de forma que recentemente decidiu ser certificado pela Aliança da Terra.

"Nós queremos adotar práticas que nos coloquem à frente no mercado", ele disse.

A oferta inicial que Marcolini recebeu do grupo ambiental talvez não seja suficiente para salvar a floresta aqui. Mas, ele disse, se sua terra fosse em uma parte mais remota da Amazônia, com menos potencial agropecuário, "eu aceitaria a oferta".

Tradução: George El Khouri Andolfato

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Você já usou Excel para fazer manejo florestal?


Caros,

venho postar aqui uma apostila da UFV que trata do uso do software Excel para cálculos de manejo florestal. Utiliza funções avançadas do programa, e vale a pena testar. Já usei e aprovei.

Baixe a apostila aqui.

sábado, 8 de agosto de 2009

Apostila de Fitossociologia do Professor Omar Daniel

Caros,

hoje apresento a vocês uma apostila elaborada pelo professor Omar Daniel, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Mato Grosso do Sul. Veja a página dele: http://www.do.ufgd.edu.br/OmarDaniel/index.php

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Volta das férias

Caros colegas,

estava de férias, por isso não atualizei meu blog nas duas últimas semanas. Mas já estou preparando novas postagens. Aguardem!