segunda-feira, 31 de março de 2008

Dengue

Pois é....a dengue continua matando aqui no nosso Rio de Janeiro. Não venho aqui procurar culpados - eles existem, e serão devidamente julgados a seu tempo, pelos homens e, principalmente, por Deus.

Quero sugerir uma coisa aqui: que estudantes de medicina sejam convocados à guerra contra esta epidemia. Que as prefeituras das cidades atingidas façam convênios com as Universidades públicas e as boas escolas particulares. Que os estudantes recebam bolsas para apoiar os esforços dos hospitais sobrecarregados - eles podem aplicar injeções, fazer triagem, servir água a crianças e idosos nas filas, etc. Não são tarefas menores, ao contrário: são nobres, e ajudam o futuro profissional a conhecer o lado humano do trabalho, além dos livros e das salas de aula.

Os recém-formados podem ser estimulados por bonificações além das bolsas normalmente pagas na residência médicas para se dedicarem ao combate à dengue. Estes futuros médicos poderão compor equipes, supervisionadas por infectologistas, que visitem as casas das pessoas nas áreas mais afetadas pela doença, fazendo o atendimento básico antes que seja necessário o desgaste causado por 8, 10 ou 12 horas nas filas das superlotadas unidades de saúde. A dengue tem tratamento simples, hidratação e antitérmicos, mas a demora nos diagnósticos vem se mostrando fatal. E a doença ainda tem sintomas semelhantes a muitas outras, o que dificulta sua identificação.

A justiça e a polícia devem ter o poder de abrir casas que estejam vazias e que contenham focos de dengue, como piscinas abandonadas. E emitir mandados judiciais no caso dos que se recusam a abrir as portas aos agentes de saúde.

Ah, e mantenham a vigilância sobre vasos de plantas, lajes e caixas d´água. è fundamental evitar a reprodução dos mosquitos.

É isso aí, pessoal. São só palpites. Mas mantenham a vigilância.

Superman II: A aventura (ainda) continua


É só a capa de um DVD do filme:

Superman II: A aventura continua

No sábado passado, 29/03, o SBT exibiu Superman II. Particularmente acho este filme fraco, mas assisti por questões altamente sentimentais. Em primeiro lugar, os filmes do Super-Homem têm lugar garantido na memória afetiva de todo mundo na faixa dos 30-40 anos. Ainda lembro do impacto de Superman I quando assisti, aos seis anos, em 1978. Enchi tanto o saco em casa depois que ganhei uma camisa do filme que usei até não conseguir mais vestir - eu cresci e a camisa não.

Outro ponto importante: a esplêndida dublagem do filme. Grandes profissionais que já se foram, como André Filho - o Super-Homem/Clark Kent, ou Darcy Pedrosa emprestando seu vozeirão a Lex Luthor.

Mais uma coisa: o que dizer da oportunidade de ver Christopher Reeves no auge da vida. Ele personificou o herói, graças a ele o Homem de Aço, já popular, se transformou num mito do cinema. Acho que não haverá outro Super-Homem como ele....

É isso aí, pessoal. Esta foi mais uma sessão sentimentalóide deste Blog.....

quarta-feira, 12 de março de 2008

Janusz Korczak, ou aquele que amou as crianças


Pois é, ando sem escrever neste blog....bem, ele ainda é meio experimental,por isso ainda me perdôo o desleixo.

Resolvi escrever sobre uma figura histórica pouco conhecida entre nós. A foto que abre esta postagem é um monumento em homenagem a Janusz Korczac, e fica lá em Israel.

Henryk Goldsmith foi um médico judeu-polonês, que nas horas vagas escrevia. Janusz Korczac foi um pseudônimo adotado por ele na adolescência, num concurso literário. Mas enfim, quem foi esse camarada?

Nascido na Polônia em 22 de julho de 1878 ou 1879. Trabalhou desde a adolescência para sustentar sua família, pois perdera o pai ainda na infância. Graduou-se médico, especializando-se em pediatria. A parte de seu país onde habitava pertencia, na época, à Rússia, e foi no exército Russo que serviu em duas guerras: Russo-Japonesa (1905) e a Primeira Guerra Mundial. Ainda serviu na guerra entre Polônia e Rússia, quando seu país reconquistou sua independência.

Na década de 1910, começou a trabalhar junto a órfãos judeus em Varsóvia. Este trabalho foi a mola propulsora de sua vida desde então, e ele ligaria seu destino a estas crianças até o fim de sua existência.

No orfanato que administrava, criou um sistema revolucionário para a época: a autogestão, com a criação de um tribunal interno formado pelas próprias crianças para solucionar problemas do dia-a-dia. Criou mesmo uma bandeira verde para seu orfanato, como se fosse um pequeno país!

Suas posições confrontavam todos os métodos tradicionais para a educação infantil, com a defesa de métodos que levassem as crianças a pensar e construir suas próprias realidades. Como pediatra, antecipou tendências hoje amplamente divulgadas, como a necessidade do contato da criança com o mundo para o fortalecimento imunológico ("hipótese higiene").

Suas experiências foram reunidas em diversas publicações, das quais podem ser destacados "Como Amar Uma Criança", "Rei Mateusinho Primeiro" (tenho este livro, é lindo) e "O Direito da Criança ao Respeito", este último, base da Declaração Internacional dos Direitos da Criança.

A eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, inicia-se justamente com a invasão da Polônia. A vida de Janusz e suas crianças torna-se muito difícil, com restrições e isolamento. Nosso bom doutor passa a esmolar para alimentar suas crianças, e realiza difíceis negociações com os nazistas para manter seu orfanato. A transferência da instituição para o Gueto de Varsóvia em 1942 torna tudo ainda mais difícil, com instalações precárias, sujeira, mais fome e doenças.

O destino foi cruel com alguém tão generoso e bom. Em agosto de 1942, os nazistas levaram Janusz Korczak, os funcionários do orfanato e suas 200 crianças para o campo de extermínio de Treblinka. Lá, foram todos mortos nas câmaras de gás. Porém, mesmo este ato bárbaro, parte da mais vil campanha de extermínio conhecida pela humanidade, não foi capaz de fazer com que seu nome fosse esquecido. Naturalmente, Polônia e Israel são os locais onde o bom doutor é mais conhecido, porém, existem Associações em todo o mundo destinadas a lembrar seu nome - inclusive no Brasil (site: http://www.ajkb.org.br).

Lá vai, copiado do site http://pedagogia.incubadora.fapesp.br, um trecho do livro "Como amar uma criança". Conheçam um pouco do pensamento deste grande homem:

"Uma porta! Olha os dedos; Uma janela! Vai se jogar; Um caroço! Vai sufocar engolindo atravessado; Uma cadeira! Vai derrubá-la encima dele; Uma faca! Vai cortar o dedo; Uma vara! Arrisca-se a perder um olho; Uma caixa! Está cheia de bactérias; Fósforo! O incêndio, a morte pelas queimaduras.

Você vai quebrar o braço, um carro vai atropelá-lo, um cachorro morde as crianças, não coma ameixas, não beba água, não ande descalço, não ande ao sol, abotoe seu casaco, ponha o cachecol. Está vendo! Você não me escutou. Olhe! Um aleijado, veja: um cego - Socorro! Quanto sangue, quem te deu esta tesoura?

Porém se, acreditando em você, a criança nunca experimentou comer escondida algumas ameixas verdes; se com o coração batendo, não conseguir burlar a sua vigilância e acender um fósforo no canto escuro; se obedecendo confiante, passivo, ele se submete a sua exigência de renunciar a qualquer experiência, a qualquer esforço de vontade, que fará no dia em que, no âmago de seu ser, sentir uma destas coisas que ferem, queimam, agridem?

Uma tal atitude engendra uma espera eterna: quando enfim este amanhã tão esperado chega, nós já estamos pensando em outro amanhã.

É a metade da humanidade que condenamos a não existir: suas vidas são para nós apenas um jogo; suas aspirações ingênuas, seus sentimentos passageiros; suas opiniões ridículas.

  • Não corra, olhe os carros que passam!
  • Não corra, você vai transpirar;
  • Não corra, você vai se sujar;
  • Não corra, que estou com dor de cabeça.

Em nome de um futuro hipotético, subestima-se tudo o que hoje são suas alegrias, tristezas, espantos, coleras e paixão. Em nome de um futuro que não compreende e nem precisa compreender nós lhe roubamos anos inteiros de sua vida.

E a criança pensa: ' Eu não sou nada, preciso ser um adulto pra ser alguém. Daqui a algum tempo cotinuarei sendo nada com alguns anos a mais. Espere até que eu chegue à maioridade...'

Ele espera, obrigado a nada empreender, espera e sufoca, e aspira a este amanhã que lhe enche a boca de água... Bela infância! Nela se morre de aborrecimento. E se contém alguns momentos de felicidade, será sempre uma felicidade conseguida pela força, ou com mais freqüência, uma felicidade roubada."

(Janusz Korczak, COMO AMAR UMA CRIANÇA, pag. 73; 4ª edição; ed. Paz Terra)

A mensagem é: amem suas crianças, não lhes neguem a chance de serem crianças, experimentar, apreender com vocês, pais, mas também com o mundo. Ensinem suas crianças a amar a natureza, a amar o próximo, respeitar as pessoas, e contem a elas histórias como esta. Elas precisam de bons exemplos.

Até a próxima!




terça-feira, 4 de março de 2008

Adeus, Jeff Healey

Caros,

acabo de descobrir lendo o jornal de hoje que no último domingo, 2 de março, faleceu o guitarrista canadense Jeff Healey. Era cego desde um ano de idade por conta de um retinoblastoma, doença que acabou por matá-lo aos 41 anos.

Ainda me lembro do impacto que eu e meu irmão Marcelo tivemos ao ver aquele jovem cego, tocando sentado, com a guitarra no colo, numa dessas MTVs da vida, no início da década de 1990. A canção? Simplesmente "While My Guitar Gently Weeps", uma das obras-primas do Beatles, interpretada e solada com muita dignidade - e olha que no original, o solo era de Eric Clapton (o "Deus" da guitarra). É minha versão favorita da canção, tirando a original. jeff Healey deu a ela originalidade, sem alterar seus elementos-base.

Descanse em paz, Jeff Healey! Toque para Deus agora!