quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

ÁRVORES DE NATAL BRASILEIRAS: NOSSAS CONÍFERAS


Araucaria angustifolia, (Bert.) Kunz., Araucariaceae 

Araucaria angustifolia, (Bert.) Kunz., Araucariaceae - estróbilos femininos

Araucaria angustifolia, (Bert.) Kunz., Araucariaceae - estróbilos masculinos


Podocarpus lambertii, Klotsch. ex, Endl,, Podocarpaceae

Podocarpus lambertii, Klotsch. ex, Endl, Podocarpaceae - detalhe do ramo e frutos

Podocarpus sellowii, Klotsch. ex, Endl, Podocarpaceae

Podocarpus sellowii, Klotsch. ex, Endl, Podocarpaceae - detalhe do ramo e frutos

É Natal, e tradicionalmente decoramos nossa casa com uma árvore de Natal, em geral uma versão estilizada e artificial de um pinheiro europeu ou asiático, dos gêneros Pinus, Thuya ou Juniperus. Mas o que muita gente não sabe é que o Brasil possui três espécies de pinheiros. 

Pinheiro é o nome genérico para espécies de Gimnospermas (sementes desnudas) do grupo das Coníferas, ou árvores de folhas estreitas. São espécies primitivas que dominam climas mais frios, e já estiveram mais presentes em nossas paragens de Pindorama em tempos imemoriais. 

O pinheiro nativo mais conhecido é a Araucaria angustifolia, o pinheiro-do-Paraná ou araucária. Espécie que teve grande importância econômica até meados do século XX, dada a grande qualidade de sua madeira, o declínio das populações com viabilidade comercial deixou a espécie perigosamente perto da extinção, situação da qual a araucária ainda não se afastou. A araucária fornece o pinhão, fonte importante de alimentação no sul do Brasil e sustento indispensável á fauna, em especial à ave símbolo do estado do Paraná, a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus).


A araucária distribuía-se originalmente nos estados do Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná - e do Sudeste - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, especialmente em locais de maior altitude. É característica de climas mais frios, já dominou um território muito maior e pesquisas mostram que sua distribuição ancestral esteve muito ligada aos deslocamentos das populações pré-cabralinas.

Os pinheiros-bravos, Podocarpus lambertii e Podocarpus sellowii, são bem menos famosos do que a prima araucária. No entanto, são igualmente importantes do ponto de vista ecológico, tanto por comporem a estrutura das Florestas de Araucária, quanto por igualmente servirem como recurso alimentar para a fauna. São de dispersão mais ampla dos que a araucária, sendo que P. lambertii distribui-se por estados do Nordeste, Sudeste e Sul, chegando à Argentina, e P. sellowii inclui, além das regiões citadas, a ocorrência também na região Centro-Oeste.

As coníferas brasileiras são testemunhos de um clima mais frio e seco em todo o planeta, em um tempo em que as florestas tropicais possuíam área de ocorrência inferior à atual, e predominavam fisionomias semelhantes a campos e a cerrados. É importante conhecê-las.


Sugestões de consulta:

http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Podocarpus%20sellowii

http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Podocarpus%20lambertii

http://www.cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Araucaria%20angustifolia


As imagens foram tomadas sem finalidade lucrativa nas seguintes fontes: https://sites.unicentro.br, www.ufrgs.br e Wikipedia. A gralha azul foi tomada no site Wikiaves.

sábado, 7 de novembro de 2020

Base de Dados de Densidade da Madeira


 Olá, pessoas.

Muitas vezes nos deparamos com situações em que precisamos saber a densidade de espécies florestais. Para isso existe um grande banco de dados global sobre o assunto: a plataforma Global Wood Density Database. É possível baixar uma grande planilha Excel com dados separados, muitas vezes, por região, o que é bastante conveniente.

Acesse aqui: https://datadryad.org/stash/dataset/doi:10.5061/dryad.234



domingo, 27 de setembro de 2020

ARTIGO: LANDSCAPE RESTORATION, NATURAL REGENERATION, AND THE FORESTS OF THE FUTURE

Regeneração florestal. Foto:  Claudio Santana, 2006.

Olá pessoas,

Apresento artigo da eminente professora Robin Chazdon, que trata de restauração florestal em larga escala, e do quanto o favorecimento dos processos de regeneração natural podem liberar recursos financeiros para restaurar as áreas mais críticas.

Leia o artigo no link abaixo:

Landscape restoration, natural regeneration, and the forests of future.

ARTIGO: RESEARCH DIRECTIONS IN TROPICAL FOREST RESTORATION


Clareira em floresta urbana. Foto: Claudio Santana, 2019.

Olá pessoas.

Trago um artigo da lavra da grande pesquisadora Karen Holl, a respeito da tomada de decisão sobre a restauração florestal tropical.

E como a pesquisa em restauração deve ser direcionada a questões práticas.

Baixe o arquivo no link abaixo:

Research Directions in Tropical Forest Restoration


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O BRASIL TEM UM TESOURO: 26 MILHÕES DE HECTARES DE FLORESTAS SECUNDÁRIAS

Rio de Janeiro, Campo Grande, 2018. Autor: Claudio Santana


Florestas secundárias são fundamentais na prestação de inúmeros serviços ambientais; Estudo recém-publicado na revista Nature revela que estas florestas sucessionais são capazes de estocar mais de 784 milhões de toneladas de carbono atmosférico. No entanto, estas florestas também sofrem com o desmatamento, tendo perdido 40% mais área em relação às florestas maduras, resultado da ausência de normativas legais de proteção.

Leia o estudo no link abaixo:

Benchmark maps of 33 years of secondary forest age for Brazil 


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

ÁRVORE DA QUARENTENA: PINDAÍBA - OUTRA ESPÉCIE DA MATA DO CAMBOATÁ

 Xylopia sericea A.St.-Hil. | Árvores do Bioma Cerrado
http://www.arvoresdobiomacerrado.com.br/site/2017/04/03/xylopia-seria-a-st-hil/

Xylopia sericea | Xylopia sericea A.St.-Hil. ANNONACEAE Loca… | Flickr
https://www.flickr.com/photos/mercadanteweb/28436354150/in/photostream/

Xylopia sericea | Xylopia sericea A.St.-Hil. ANNONACEAE Loca… | Flickr--
https://www.flickr.com/photos/mercadanteweb/28614926032/in/photostream/
Xylopia sericea | Xylopia sericea A.St.-Hil. ANNONACEAE Loca… | Flickr
                        https://www.flickr.com/photos/mercadanteweb/5368046697

Xylopia sericea - Wikipedia
            https://en.wikipedia.org/wiki/Xylopia_sericea#/media/File:Xylopia_sericea_fruits.jpg

Plantae → Magnoliopsida→ Magnoliales→ Annonaceae→ Xylopia sericea A. St. Hil.

Diversas espécies do gênero Xylopia são chamadas pindaíba. Quero destacar aqui a espécie Xylopia sericea, encontrada, dentre outros lugares, na Floresta do Camboatá, Rio de Janeiro, em locais sujeitos a inundação periódica.

A pindaíba é uma espécie pioneira, de ampla dispersão no território nacional. Geralmente é associada a margens de cursos d'água ou trechos muito úmidos de floresta. Não é encontrada em áreas fortemente degradadas, mas principalmente naquelas sujeitas a perturbações naturais.

De suas folhas e frutos é extraído um óleo com grande potencial acaricida. Seus frutos podem substituir a pimenta-do-reino. A madeira serve para usos menores, mas diz-se fornecer bons mastros para embarcações. Também era utilizada na construção dos carros de boi que transportavam o açúcar dos engenhos para o mercado consumidor, no período colonial; era usada numa peça específica chamada canzil, uma vara comprida.

A árvore se presta à arborização de pastagens e à recomposição de áreas degradadas, pelo seu imenso potencial de atração de fauna, em especial pássaros.

Xylopia quer dizer madeira amarga, sericea diz respeito ao indumento seríceo da face dorsal das folhas. Já o nome popular pindaíba tem origem incerta. Diversas versões são citadas por fontes diversas. Há quem diga ser originário do quimbundo mbindaíba, que significaria miséria. Mas também se fala em origem tupi-guarani, com significados como anzol ruim ou vara de pescar.

Mas para o povo, pindaíba é dureza mesmo...




domingo, 19 de julho de 2020

ÁRVORE DA QUARENTENA: FIGUEIRA-DA-PEDRA - OUTRA ESPÉCIE DA MATA DO CAMBOATÁ

http://www.colecionandofrutas.com.br/ficusenormilus.htm 


https://sites.unicentro.br/wp/manejoflorestal/files/2012/03/3-Ficus-enormis-Martius-ex-Miguel.jpg


http://www.colecionandofrutas.com.br/ficusenormilus.htm

http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/geral/ExibeFiguraFSIUC/ExibeFiguraFSIUC.do?idFigura=260796071

Plantae → Rosiidae → Rosales→ Moraceae→ Ficus enormis (Miq.) Miq.


Conhecida como figueira-da-pedra, tem como outro nome comum caxingubaí, que significa, em tupi-guarani, árvore copada (https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/539473/001035140.pdf)

Desenvolve-se muitas vezes sobre pedras, daí seu nome mais comum. Outra ocorrência comum é em axilas de folhas de palmeiras. Tem comportamento estrangulador quando desenvolve-se sobre outras plantas.

Seu látex é usado na medicina popular para combate a vermes intestinais, da mesma forma que outras figueiras, como F. insipida, F. luschnatiana ou F. adhatodifolia.

O epíteto específico enormis decorre do material originalmente coletado por Martius em São Paulo, provavelmente oriundo de uma grande árvore.

As figueiras são consideradas espécie-chave, ou seja, possuem um impacto no ecossistema proporcionalmente grande em relação a sua ocorrência (Mills, Soulé e Doake, 1993).




domingo, 14 de junho de 2020

ÁRVORES DA QUARENTENA: CAMBOATÁ-BRANCO



Cupania | Cupania oblongifolia - | Maria /Amethist | Flickr
https://www.flickr.com/photos/mariasg/4683355743


Foto de Mateus Prati Serrano. https://www.facebook.com/photo.php?fbid=788603498165376&set=gm.2031082180294689&type=3&theater&ifg=1

 http://ilovenature123.blogspot.com/2012/01/arvores-do-brasil-camboata-26.html

Plantae → Magnoliidae → Sapindales→ Sapindaceae→ Cupania oblongifolia Mart.

Biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado
Estados de Ocorrência: Norte: PA, AP; Nordeste: BA, PI, AL, PE, PB, RN; Sudeste: RJ, ES, SP, MG; Sul: PR, SC, RS

Um lugar que tem sido muito citado nos últimos meses, especialmente no estado do Rio de Janeiro, é a Mata do Camboatá. Neste local, situado na região de menor IDH da cidade do Rio de Janeiro, pretende-se construir um autódromo, destruindo-se neste processo a última Floresta de Baixada da zona Norte e subúrbio, que é também um dos últimos remanescentes deste ecossistema em toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Falaremos em outra postagem sobre as florestas de baixada.

Mas quem é o camboatá?

Diversas árvores da família Sapindaceae, em especial dos gêneros Cupania (o mesmo do guaraná) e Matayba são assim alcunhadas. São espécies geralmente cosmopolitas, embora a família assuma maior importância estrutural em florestas estacionais.

Aqui trataremos de uma espécie bastante comum, o camboatá-branco, Cupania oblongifolia, o camboatá-branco, ou camboatá-da-folha-grande, ou covatã, ou pau-magro.

Essa espécie está presente em todos os estágios da floresta, sendo bastante relevante nos estágios iniciais. É sempre encontrada nos levantamentos florísticos e fitossociológicos em florestas secundárias na Mata Atlântica. A Resolução CONAMA 06/1994 a enquadra como indicadora do Estágio Médio de sucessão.

Em consulta aos “Estudos Sobre o Nheengatu”, de Vicente Chermont de Miranda, encontramos a palavra camboatá derivada de tamuatá; o autor discute a complexa etimologia deste nome. Tamuatá viria de caa, mata, e mboata, o que serpenteia, em referência a um peixe que se locomoveria entre entre corpos d´água em períodos de seca. No entanto, este termo é considerado controverso pelo autor.  

Uma possível interpretação para o termo, que só vi na página Colecionando Frutas, é “galho forte”. Tomando-se caa como algo relacionado a plantas, galhos, e atã como algo duro, pode-se assumir esta interpretação. Mas que fique claro, é algo muito pessoal, não sou linguista.

Mas talvez esta etimologia explique o fato de o camboatá oferecer excelentes cabos para ferramentas. Além disso, a árvore se presta a outros usos: construção civil, movelaria, esquadrias e lenha, além de ser excelente pasto apícola e espécie medicinal. A árvore tem de 7 a 18 metros de altura, com copa alongada, folhas alternas, compostas, pinadas, ferrugíneas e tomentosas. A árvore é reta, de casca pouco rugosa e clara.

Uma característica de identificação do gênero Cupania é a presença de um folíolo abortado no ápice do ramo, denominado apículo. É bem visível na segunda foto do início dessa postagem.

As fotos dessa postagem foram retiradas de páginas da internet e estão devidamente referenciadas.

Fontes:

Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 1998. v. 2, 352 p.