segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

ÁRVORE DA SEMANA - GENIPAPO











Fotos: Claudio Santana, dezembro de 2019.

Plantae → Asteriidae→ Gentianales→ Rubiaceae Genipa americana L.

O genipapo, ou jenipapo, é uma árvore nativa de grande porte, ocorrendo em praticamente todo o território nacional. A espécie pertence à família Rubiaceae, a mesma do café, e a quarta maior dentre as plantas com sementes. O Brasil possui 10% das espécies de Rubiaceae de todo o mundo (Paiva, 2016)

A espécie é monóica, embora apresente dioicia funcional. É polinizada principalmente por abelhas, grandes e pequenas, sociais e sem ferrão. Sua dispersão é primariamente autocórica (queda), com dispersão secundária feita por animais, em especial macacos, esquilos e morcegos. Existe relato ainda de dispersão hidrocórica (flutuação), ictiocórica (peixes) e mirmecocoria (formigas). Entra em período reprodutivo por volta dos cinco anos, podendo uma árvore produzir até 600 frutos aos 20 anos.  É enquadrada variadamente em grupos ecológicos, de pioneira a secundária tardia (EMBRAPA, 2003).

Sua madeira é considerada de primeira qualidade. No entanto, é mais conhecido por seus frutos. usados em várias preparações, como licores, doces em massa, geleias, entre outros. Por suas interações com a fauna e rusticidade é fundamental em processos de restauração ecológica (EMBRAPA, 2003). 

Outro uso conhecido do genipapo é a produção de tinturas. A pintura preta ritual dos tupinambás era feita com seu sumo. A espécie é tão importante na cultura deste povo que o nome genipapo vem de iá-nipaba, que significa "fruto de esfregar" (Freitas, 2016; Metraux, 1950, Dicionário Tupi-Guarani Online).

E por fim, o nome Jenipapo batiza um rio no estado do Piauí, onde, em 13 de março de 1823, travou-se a sangrenta Batalha do Jenipapo, em que piauienses, maranhenses e cearenses enfrentaram tropas portuguesas mais treinadas e equipadas, e, a despeito de pesadas perdas de vidas, conseguiram atrasar o avanço das tropas inimigas que tentavam manter o Norte do Brasil como colônia portuguesa. Essa batalha é considerada decisiva para a unidade nacional.
(https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/arquivos/batalha-do-jenipapo)

O belo exemplar retratado na postagem está na Praça da Bandeira, cidade do Rio de Janeiro, parte da antiga aldeia tupinambá chamada Jabebiracica (Freitas, 2016).
---------------------------------------------------------------------------------
Para mais informações, sugiro os livros:

O Rio Antes do Rio (Rafael Freitas): https://amzn.to/38EnzWI
Árvores Brasileiras v.1 (Harri Lorenzi): https://amzn.to/36wcR32
Espécies Arbóreas Brasileiras (Paulo Ernani Carvalho, EMBRAPA): https://amzn.to/2NZRS2b

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

ARTIGO SOBRE TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM E LEGADO HUMANO NO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA


Fotos: Artocarpus heterophyllus, Moraceae. Jaqueira. Claudio Santana, 2015.

Caros, disponibilizo um artigo muito interessante da lavra do professor Rogério Oliveira (PUC) e sua equipe. Mostra as transformações profundas na paisagem do Parque nacional da Tijuca causadas pela ação humana. E a impressão digital destas ações é a jaqueira (Artocarpus heterophyllus, Moraceae).

Baixe o artigo clicando no título abaixo:

A história de transformação da paisagem do Parque Nacional da Tijuca: uso, ocupação e legados socioecológicos impressos na paisagem.

Em tempo: Para saber algumas curiosidades sobre o Major Archer, o homem encarregado da tarefa hercúlea de recompor a floresta, junto a seus trabalhadores, recomendo esta publicação: O Reflorestamento da Floresta da Tijuca e a Lenda do Tesouro do Major Archer

domingo, 12 de janeiro de 2020

ÁRVORE DA SEMANA - PAU-FERRO








Fotos: Claudio Santana, 2020.

Foto: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Caesalpinia_ferrea_fruit.jpg



Plantae → Rosiidae→ Fabales→ Fabaceae Libidibia ferrea (Mart ex Tul) L.P. Queiroz

O pau-ferro é uma árvore nativa de ocorrência nas regiões Sudeste e Nordeste, em Mata Atlântica e Restinga. São registradas três variedades para a espécie: Libidibia ferrea var. glabrescens, leiostachya e var. parvifolia.

O nome indígena da espécie é yu'ká. que significa MATAR.

Era espécie por excelência para a fabricação de tacapes, a arma do guerreiro tupinambá. É possível que fosse utilizada nos sacrifícios rituais desta nação. 

Sua madeira tem densidade  variando de 0,99 a 1,27 g/cm³, a 15% de umidade. é uma das madeiras mais duras de nossa flora.

Tem sido pesquisada por suas propriedades medicinais. Há pesquisas que reportam seu potencial para a produção de antisséptico bucal, outras que demonstram seu poder no combate à leishmaniose, na forma de creme.

Possui muitas outras aplicações, desde forragem para gado até o uso tradicional para movelaria e construção civil, passando pelo uso para carvão de boa qualidade e pasto apícola. É muito utilizada em paisagismo e arborização pública e em reflorestamentos com finalidade conservacionista.

-------------------------------------------------------------------------------- Para mais informações, veja o livro Árvores Brasileiras, Volume 1.







sábado, 4 de janeiro de 2020

ÁRVORE DA SEMANA - PAINEIRA-DE-PEDRA










Fotos: Claudio Santana, 2020.


Plantae → Rosiidae→ Malvales→ MalvaceaeCeiba erianthos (Cav.) K. Schum.

As paineiras são árvores vistosas e muito características da cidade do Rio de Janeiro, sendo até toponímia, caso da Estrada das Paineiras.

Mas a família Malvaceae, em especial o caso da antiga Bombacaceae, engolida pela irmã maior, possui muitas outras espécies bastante conhecidas, como os embiruçus, a castanha-do-Maranhão e a munguba.

Uma espécie menos conhecida e frequentemente confundida com suas primas famosas, como a paineira-rosa, é a paineira-de-pedra. Ocorrendo geralmente sobre solos rasos e costões nas regiões litorâneas, possui acúleos maiores e mais grossos, folhas de bordo liso ou levemente serreado e flores brancas com interior vináceo, com textura de algodão (http://www.tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Ceiba+erianthos; Lorenzi, 2017).

Costuma ser plantada na arborização urbana, em alguns casos intencionalmente, caso dos plantios de Burle marx no aterro do Flamengo. Às vezes parece ser confundida com a paineira-rosa, caso das fotos mostradas nessa postagem, pela semelhança das mudas das duas espécies.

---------------------------------------------------------------------------------

Mais informações sobre a espécie, sugiro o livro Árvores Brasileiras, Volume 2.